Sr. Deputado, queremos saber: qual cidadão faria a ingestão de drogas administradas por um Farmacêutico que NUNCA viu um paciente face a face?
O Deputado estadual eleito, André Fernandes (PSL-CE), gravou vídeo “acalmando” os empresários donos de Farmácia, acerca da tramitação da Proposta que visa proibir a autorização e o reconhecimento dos cursos de graduação na área da saúde que sejam ministrados na modalidade EAD (PL 1721/17 apensado ao PL 5414/16).
É bem verdade que o vídeo em nada nos surpreende, apenas cumpre sua inclinação.
Já propagamos o caráter oportunista de faculdades e empresários que agora aproveitam a “onda” liberal do novo governo e “surfam”, com destemida destreza, articulando, nas esferas políticas, seus planos pecuniários, em detrimento da saúde das pessoas, que agora, parece, em definitivo, ter pouca ou nenhuma importância.
Entendemos, pois, que, antes de qualquer interesse empresarial (expresso na visita dos empresários donos de Farmácias ao Deputado afim ideologicamente) deve existir – e se sobrepor – os interesses daqueles “oprimidos nas filas, nas vilas, favelas” que não têm salvaguarda de nenhum modo, notadamente o da “força da grana”, como bem pontuou Caetano Veloso, em sua letra “Sampa”.
O Sindicato dos Farmacêuticos do Ceará, em diversas ocasiões, se posicionou contra o Ensino à Distância, pois considera que cursos de saúde, nessa modalidade, representam um grave risco para a saúde pública. Ora, em que “mundo” é possível o atendimento de saúde à distância? Sem contato físico? É risível! Qual cidadão faria a ingestão de drogas administradas por um Farmacêutico que NUNCA viu um paciente face a face? Ah, por favor, Sr. Deputado!
Ademais, se o pai de família, trabalhador do dia a dia, promove esforço extraordinário para ir aos bancos da faculdade (muitos vezes de ônibus), objetivando ter conhecimento, vocacionado para o bem servir e cuidar e, ainda, buscando dar condições de vida para sua família, no sonho do nível superior, da faculdade que honra pais e mães, orgulhosos de seus filhos, pode ir ao ensino presencial, perguntamos ao Sr. Deputado: Porque o empresário, com todas suas benesses típicas (flexibilidade de horário, dinheiro, carro confortável… e tudo mais) não pode se dispor a ir à faculdade?
Reiteremos: TODOS perdem com esse empreendimento. Perde a sociedade, que passará a consultar, nos ambientes de saúde, profissionais inaptos e sem conhecimento real; perde, também, a profissão Farmacêutica, que deverá ser descredibilizada perante à sociedade. E não se enganem: perde, inclusive o empresário, que passará a “arcar” com as complicações acarretadas pelo direcionamento despreparado do seu “pessoal”.
Farmácia é cuidado em Saúde, questão consumada!
Lutamos durante quase 80 anos para o fortalecimento e reconhecimento da nossa profissão! Não podemos permitir o Ensino a Distância em Farmácia!