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Entrevista Exclusiva – Ronald dos Santos: “Amor e luta pela farmácia”

O sindicalismo é uma luta que perpassa gerações e que promove a representação de classe e a defesa dos direitos dos trabalhadores. Ao longo dos anos, diversas entidades sindicais surgiram para conquistar melhores condições de trabalho e salários mais justos; é o caso do Sindicato dos Farmacêuticos do Ceará (SINFARCE), entidade com 80 anos de história.

O SINFARCE é associado à Federação Nacional dos Farmacêuticos (FENAFAR), presidida por Ronald Ferreira dos Santos, catarinense que está iniciando o seu terceiro mandato.

Formado em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ronald desde muito cedo se engajou em causas sociais. Ainda na Universidade iniciou sua trajetória no movimento estudantil, militando, posteriormente, já como profissional farmacêutico, no movimento sindical, chegando a presidir o Sindicato dos Farmacêuticos de Santa Catarina. Além da FENAFAR, instituição importante que encabeça a luta em nível nacional, Ronald é presidente do Conselho Nacional de Saúde.

Confira a seguir entrevista exclusiva concedida à Assessoria de Comunicação do SINFARCE com Ronald Ferreira dos Santos.

SINFARCE: Você presidiu a Federação no último triênio e foi reeleito para a nova gestão, como avalia os últimos anos?

Ronald Ferreira:A luta dos farmacêuticos nos últimos anos, por reconhecimento social da importância de seu trabalho, valorização salarial e melhoria das condições de trabalho, não está descolada da vida do povo brasileiro. A necessidade da sociedade brasileira, é na luta por um país melhor para todas e todos!  O farmacêutico compõe o povo, está nesta camada social que clama por ter mais qualidade de vida, mais justiça social e mais emprego. Essa luta ao longo da nossa gestão vem se acirrando, e, no último período, tomou uma dimensão que torna o enfrentamento da classe trabalhadora urgente; para ontem! Se nós não dermos respostas agora, sofreremos ainda mais perdas!

AC: Quais são suas perspectivas para essa gestão?

RF: Essa gestão inaugura um novo ciclo para o movimento sindical brasileiro, pois as regras do movimento sindical mudaram e isso ocorreu de forma inadvertida e por falta de conhecimento. Os colegas não sabem que houve um sufocamento das suas entidades sindicais, refletindo nas garantias de trabalho. Estas, são tão poucas, tão pontuais, e agora ainda mais vulneráveis que nunca.

AC: O que se propõe de novo?

RF: A FENAFAR aprovou agora, em seu 9º Congresso, um substancial e muito rico documento com propostas e ações para enfrentar esse novo momento. São as resoluções congressuais que a nova diretoria tem a tarefa de transformar em realidade. É certo que teremos muita luta e não iremos abrir mão das conquistas da categoria. Convido todas e todos a conhecer nossas resoluções que estão disponíveis no site da FENAFAR, owww.fenafar.org.br

AC: Quais as estratégias da FENAFAR para unir os Sindicatos de todo país em torno de uma agenda comum?

RF: Como já descrevi, a FENAFAR construiu sua estratégia de luta de forma coletiva, durante todo o processo do Congresso. Muitos corações e mentes atuando. Durou aproximadamente 8 meses, desde a sua convocação em dezembro do ano passado. A construção do nosso documento orientador, que chamamos de caderno de debates, as propostas, as assembleias, realizados em todos os sindicatos da base da FENAFAR, e que chegam no Congresso, é esse caldo rico de ideias, que dá liga e unidade para as ações da entidade e dos seus sindicatos filiados.

AC: Quais os principais desafios dos sindicatos nesses novos tempos?

RF: Criar a unidade na categoria; e isto não é de agora. Se a gente conquista a unidade da categoria para lutar por direitos, nós vamos avançar cada vez mais. Nos últimos anos, apesar de sermos considerados uma categoria pequena perto de outras tantas, como metalúrgicos, por exemplo, somos os detentores de um grande poder, o da “cura”. Nós somos os alquimistas do medicamento, estamos cotidianamente inseridos no dia a dia das pessoas, seja na produção de um bem que a humanidade tanto precisa, seja na atenção farmacêutica, no cuidado ao paciente, e esse é o nosso grande trunfo, é o que nos torna fortes.

SINFARCE: Como o senhor enxerga o futuro do sindicalismo?

RF: Sou, particularmente, um otimista! Sempre persigo grandes sonhos e não descanso até realizá-los. Enxergo o sindicalismo com um potencial absurdamente transformador na vida das pessoas. Eu não consigo construir nada sozinho, mas com meus companheiros; já coloquei algumas pedrinhas nesta trilha de lutas e conquistas da categoria farmacêutica. Essa nova trilha ainda não foi calçada, vamos precisar abrir os caminhos, mas os obstáculos nunca foram um impedimento para mim, eles são desafios a enfrentar e com essa turma que está comigo, eu não temo por nada.

SINFARCE: Na sua avaliação, diante de todos os retrocessos do atual governo, qual afetou mais gravemente a classe farmacêutica?

RF: A categoria farmacêutica é composta por quase 70% de mulheres e sempre que temos retrocessos, recessão e desemprego, as mulheres são as primeiras a serem afetadas. A nossa categoria ainda tem outras característica: quase a maioria atua em farmácias e drogarias; trabalhamos em estabelecimentos com 1 a 5 colegas no máximo, isso nos deixa vulneráveis e nos desagrega. Mesmo os colegas que atuam em grandes redes têm essa dificuldade também.

SINFARCE: Como a FENAFAR irá se posicionar politicamente para o pleito que se anuncia, em outubro?

RF: A FENAFAR deve lançar uma carta aos candidatos. Iremos orientar a categoria a depositar sua confiança em candidatos que se comprometam com o Brasil, com o emprego, com a saúde e educação pública de qualidade para o povo. Esse é um momento que nós, trabalhadores, não podemos nos furtar de participar.

SINFARCE: O que você espera do novo governo?

RF: Que o novo governo estanque essa sangria a que os trabalhadores, após o golpe de 2016, têm cotidianamente sido vítimas. Retome a agenda desenvolvimentista e que enfrente os desafios sempre voltados para a melhoria da vida do nosso povo.

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